AULA PRÁTICA DE CAMPO

INTRODUÇÃO       

 

 

 

A educação sofreu modificações nas últimas décadas e a própria legislação prevê uma nova abertura na concepção do conteúdo programático de cada escola.

            Uma outra proposta é o uso da interdisciplinaridade prevista nos parâmetros curriculares, trata-se de um avanço, pois proporciona um ensino integrado com vistas à contextualização em detrimento de um ensino fragmentado. Além disso, as novas práticas pedagógicas sugerem uma abordagem dentro da realidade do aluno, respeitando as diferenças culturais, regionais e pessoais.

            A nova tendência é priorizar a construção do conhecimento e para tal é necessário ajustar metodologias de ensino; acessar recursos didáticos mais modernos, sobretudo, valorizar as aulas práticas, usando preferencialmente o espaço cotidiano do aluno como “laboratório”, exemplo: praças, hospitais, parques, zoológico, supermercados, praias, etc.

               É preciso que os professores estejam preparados para um novo papel; é necessário investir em ações que potencializem a criatividade e o desempenho dos professores. Esse desempenho exige ousadia para propor atividades cujos resultados imprimam atitudes curiosas e investigativas. Dentro desta perspectiva, tenho um SONHO que é um projeto interdisciplinar usando o ambiente marinho. Realizei em 1998 até 2003 com alunos da 3ª série do ensino médio um projeto de Educação Ambiental: um estudo sobre ecossistema de poças de maré, onde tive resultados surpreendentes, a ponto da TVE fazer uma matéria sobre a aula. Eu gostaria de repetir o projeto de forma interdisciplinar. Seria algo assim:

 

OBJETIVOS

1.    Despertar no aluno o interesse pelo mar enquanto ecossistema, e não apenas como área de lazer.                         

2.    Tentar estabelecer que  modificações são determinadas na estrutura e funcionamento  normais do ecossistema, por ações antropogênicas e sugerir meios de minimizar os problemas, a fim de que este ambiente seja preservado.

3.    Observar as estruturas do corpo do ouriço do mar relacionando-as às suas funções.

4.    Incentivar a preservação do ouriço do mar, tendo em vista o equilíbrio do ecossistema marinho.

 

IMPLEMENTAÇÃO

 

OBS. Para a obtenção de um bom resultado deste Projeto será preciso à colaboração da direção, coordenação, professores, pais e alunos.

 

Comunicação e pedido de autorização aos pais, para alunos menores.

 

Como a aula será na praia, será necessária a presença de um funcionário de apoio para ajudar na realização da prática de campo ou utilização de alunos monitores a título de avaliação qualitativa.

 

Transporte para levar à praia de Ondina e trazer os alunos de volta  ao Colégio. ( Facultativo).

 

Data (de acordo com a tábua de maré)

Local (sugestão) – Praia de Ondina.

 

Participação de todas as disciplinas, desenvolvendo estudos, com seus respectivos conteúdos, como:

 

·        História – história do bairro, coleta fotos antigas para demonstrar o desenvolvimento do bairro;

·        Geografia – Levantamento da população e mapeamento da região ou elaboração de maquetes;

·        Matemática – Elaboração de gráficos;

·        Sociologia – Levantamento do comércio informal e do uso da praia como lazer;

·        Química – Levantamento dos produtos químicos que podem alterar o pH das poças de maré;

·        Física – analisar a ação do atrito das ondas e da variação de temperatura em relação a biodiversidade encontrada nas diferentes poças;

 

 

RECURSOS MATERIAIS

 

Para o aluno:

 

·      Prancheta ou apoio para o roteiro.

·      Roteiro de prática.

·      Trena ou fita métrica.

·      Caneta.

·      Espátula ( faca de mesa sem ponta).

·      Becker ( garrafa de refrigerante descartável, transparente, de 2l., cortada ao meio).

 

Oferecido pela escola:

 

·      Termômetro.

·      Indicador de pH.

·      Placa de Petri.

·      Roteiro de prática fotocopiado.

·      Lanche.-> Opcional

·      Transporte. ->Opcional

 

 

 

 

ROTEIRO DE PRÁTICA  DE CAMPO: estudo de ecossistema de poças de marés                                                                                                                            

 

 

Fundamentação teórica:

 

A praia, nome dado a zona intertidal ou zona do entre-marés, é  um dos ecossistemas  mais interessantes no ambiente marinho. A principal característica é a extrema variabilidade do meio físico-químico, dependente das constantes subidas e descidas do nível da água. Condições tais como incidência dos raios solares, dissecação, aumento de temperatura, diminuição do oxigênio dissolvido, impacto das ondas, que constituem aspectos da variabilidade natural, determinam  adaptações nos organismos que se manifestam como alterações morfológicas, fisiológicas ou comportamentais. Por outro lado, o homem contribui para alterar o ambiente natural através de pisoteio, lançamento de lixo, esgotos e modificações paisagísticas, ações que alteram não apenas a estrutura, mas também o funcionamento do ecossistema.       

Dentro do ecossistema  “praia’’ encontram-se mini ecossistemas como “ poças  de  marés’’ que, apesar de manterem relações de trocas com o ambiente maior, são, na verdade, independentes, desde que possuam uma estrutura (ambiente físico-químico e organismos, produtores, consumidores e decompositores) e  função ( transferência de energia e reciclagem de matéria) próprias.

 

Como as poças apresentam características diferenciadas na dependência  da localização em relação à linha de água, o que permite uma maior ou menor troca  com o ambiente e, portanto, diferenças em parâmetros físicos – químicos ( salinidade, temperatura, teores de oxigênio, pH, etc.) e biológicas ( alterações das populações ), o primeiro passo nesse estudo é localizar a poça em  relação ao nível das marés. As marés  que possibilitam uma maior amplitude de subida e descida da água são as de sizígea ( quando o sol, lua e terra estão alinhados e a força gravitacional da lua se soma à do sol durante as luas cheia e nova, atraindo mais água). As marés de menor amplitude são as de quadratura ( quando o sol e lua exercem forças opostas de atração sobre a massa da água, o que ocorre nos períodos de luas de quarto minguante e de quarto crescente).

 

 

PROCEDIMENTO DE CAMPO

 

Determinação da biodiversidade:

 

1.    Colete amostras de organismos bentônicos encontrados na poça que você escolheu, ponha o material sobre a placa de Petri, separando as diferentes espécies. Com auxílio de lupa e de dois estiletes, tente reconhecer os grupos taxionômicos encontrados.

 

2.    Escolha outra poça de maré e repita o procedimento acima.

 

3.    Com ajuda da trena meça a largura e o comprimento, tire a temperatura e o pH.

 

OBS. Escolha uma poça próxima da água (que fique encoberta na maré alta) e outra próxima da areia.

 

Determinação das ações antropogênicas:

 

  1. Registre (caso haja) a presença de esgoto pluvial ou doméstico, de construções (tipo), de indústrias, comércio, registre como as edificações presentes podem alterar os ecossistemas de poças de marés;

 

  1. Verifique número(aproximado) de pessoas que freqüentam a praia. Discuta com seu grupo se o número de pessoas presentes na praia pode comprometer a biodiversidade e justifique a resposta;

 

  1. Elabore um relatório com sugestões para conservar a biodiversidade dos ecossistemas de poças de marés

 

 

Estudo do ouriço do mar:

 

1.    Colete alguns ouriço do mar. Observe o ambiente à sua volta, verificando a faixa da praia onde se encontram ( mais próximo da água ou mais próximo da areia ).

2.    Determine a natureza do substrato no qual eles se encontram (rocha, areia, água ).

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

Os ouriços são encontrados nas reentrâncias das pedras, em locas que eles próprios escavam com a fricção resultante do movimento dos espinhos. Ao tentarmos tirar o ouriço, verificamos que eles se prendem à loca através de pequenas “ventosas” na extremidade dos “pés ambulacrários“, expansões retrácteis do sistema ambulacrário, um conjunto de tubos por onde circula a hemolinfa (sangue) dos equinodermos, e que também têm função na respiração e excreção destes organismos. As ventosinhas dos pés ambulacrários também fixam conchas, pedaços de algas ou outros materiais que servem para camuflar ou ainda para proteger o ouriço contra a dessecação durante os períodos de marés  baixas. Os pés ambulacrários (pódios) servem também à locomoção, que se faz com a ajuda dos movimentos dos espinhos. Além dos espinhos e dos pés ambulacrários, estes organismos apresentam na superfície do corpo, os pedicelários que são espécies de apêndice da pele cuja função é proteção do corpo, desde que capturam e prendem pequenos organismos. Em alguns organismos os pedicelários são associados a glândulas de substâncias. Assim sua função se

assemelha a dos nematocistos dos celenterados.

Durante a locomoção, verifica-se que a face oral do ouriço está sempre voltada para o substrato. Alimentam-se de algas, mais parecem ser potencialmente onívoros. A boca é cercada por uma série de estruturas esqueléticas ( dentinhos) cujo conjunto constitui a lanterna de Aristóteles. Os dentinhos são movimentados por músculos e usados para raspar o substrato e cortar os alimentos.

Sendo predominantemente herbívoros, o ouriço faz parte da cadeia alimentar da zona do entre-marés. Sua preservação é portanto necessária para o equilíbrio do ecossistema. É muito importante não destruir os bancos de ouriço e ao retirá-los do substrato para observá-los, colocá-los de volta a sua loca com a zona aboral voltada para cima.                                                                                             

 

 

 

FICHA DE PRÁTICA

 

 

Dados gerais:

local………………………………………………………………data……………….

posição da poça……………………………………………………………………..

hora da maré baixa…………condições do tempo…………………………….

tamanho aproximado da poça……………………………………………………

temperatura ambiente………………………….pH da água……………………

alterações no ambiente:

*     existência de construções…………………………( sim ou não)

*     presença de lixo………………………………………………………

*     presença de esgotos………………………………………………..

*     modificações paisagísticas………………………………………..

 

 

 

 

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

 

Houve diferença entre as amostras das duas poças? Se houve, a que você atribui?

 

Quais as dificuldades encontradas na coleta do ouriço?

 

Quais estruturas  ele utiliza durante sua locomoção?

 

Qual a importância do ouriço do mar para o ecossistema marinho?

 

 

AVALIAÇÃO:

 

 

Serão avaliados: o comportamento, organização, pontualidade, comprometimento do aluno.

 

O aluno deverá elaborar um artigo criativo contendo informações (desenho animado ou texto) que incentivem a preservação do ecossistema marinho, fale sobre as dificuldades encontradas para participar da aula prática, informe as situações pitorescas ou curiosas que aconteceram durante a aula, descreva as formas de vida encontradas nas poças e as pressões ambientais que estão expostas.

             

Os artigos deverão ser selecionados por temas para  fazer parte de um jornal editado por cada turma.

           

O jornal deverá conter o relato de toda experiência, registro com fotos, charges e outras informações. Ficará exposto após a realização da aula prática.

 

           

INTERDISCIPLINARIDADE:

 

            Os alunos contarão com o apoio das aulas de informática para elaborar organizar e editar o jornal.

 

            O jornal servirá como instrumento de avaliação para as disciplinas: Biologia e Informática educacional.

 

            As demais disciplinas devem desenvolver atividades de acordo com o conteúdo e as sugestões citadas anteriormente.

 

Referências bibliográficas:

 

Práticas de biologia marinha/ Instituto de Biologia UFBa. Salvador:Departamento de Biologia Geral, 1997 – Bahia.

 

 

OBSERVAÇÃO: VEJAS AS FOTOS DA ATIVIDADE NO ÁLBUM (PRÁTICA DE CAMPO).

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